Projetos Socioambientais – Levantamento de inventos de moradias no bairro Jardim Canadá

A proposta para a aula do dia 02.04.2012 foi a realização de um levantamento das inteligências coletivas do bairro Jardim Canadá. Como inteligências coletivas foram reconhecidas as inventividades dos moradores do bairro, através do desenvolvimento de estruturas ou mecanismos inusitados, que conferem uso ou função normalmente não atribuídos aos objetos empregados. Por exemplo, a maneira como os moradores construíram o acesso ao registro hidráulico de suas casas ou o uso de um antigo vaso sanitário como vaso para o plantio de mudas.

Os alunos foram divididos em grupos e cada grupo ficou responsável por uma área específica do bairro. Ao final o levantamento foi compatibilizado e georeferenciado em um arquivo do googlemaps.

Visita a autoconstrutores residentes no Capela Velha – Claudionor

Presentes : Denise Morado, Marcela Brandão, Camila Alberoni e Camila Bastos

Claudionor recebeu o folheto da pesquisa Diálogos durante a realização da disciplina de OFIAUP e, depois de algum tempo, resolveu entrar em contato com o grupo Praxis UFMG com interesse na proposta.

Claudionor é morador do Capela Velha e trabalha informalmente prestando serviços nos condomínios próximos. Comprou o terreno onde mora há quinze anos e escolheu o local pois o tio já morava na região e alguns familiares também estavam vindo de sua cidade natal para o bairro. Conta que, naquela época, haviam por volta de dez casas no Capela Velha (número que aumentou consideravelmente nos últimos anos).

No lote onde mora estão construídas quatro casas, sendo que uma delas está inacabada (a qual pretende finalizar este ano para morar com a família). Em uma das duas casas que ficam na parte mais baixa do lote moram atualmente ele e a família e, na outra, mora seu irmão, também com a família. A outra casa é alugada sempre para pessoas próximas a ele, sejam amigos ou familiares. A casa que Claudionor pretende terminar e morar com a família (ver Figura 01) fica na parte mais alta do lote, mais próxima à rua e, portanto, com acesso direto à garagem e entrada de pedestres.

Figura 01: Casa onde Claudionor pretende morar com a família - ainda em construção

As quatro casas foram construídas por pedreiros conhecidos de Claudionor, do próprio Capela Velha. O morador conta que acompanhou de perto as obras, participando da execução e também das decisões, as quais foram sempre direcionadas pelos pedreiros. Claudionor desenhava o que imaginava para sua casa e, quando tinha recursos disponíveis, comprava o material, contratava os pedreiros e construía. Por construir apenas quando os recursos eram suficientes, teve que contratar diversos pedreiros diferentes, o que, segundo ele, foi um agravante de alguns problemas identificados nas casas, já que “cada pedreiro trabalhava do seu jeito”.

A respeito do material de construção utilizado nas obras, Claudionor conta que compra no depósito mais barato que encontra. No início das obras, porém, comprava no Depósito Souza Maia, já que conhece o dono e este fazia condições de pagamento melhores para ele. Além disso, o proprietário do Depósito Souza Maia (Roberto) vendia o material em seu próprio caminhão, ou seja, facilitava o transporte para quem estava construindo.

A casa que está alugada tem vários problemas de infiltração, bem como estruturais (algumas paredes possuem trincas significativas – ver Figura 02). A parede de blocos de concreto, que funciona como arrimo, sofre bastante infiltração (ver Figura 03), uma vez que foi construída em contato direto com o terreno natural. Além disso, o pavimento superior está inacabado e não possui cobertura, o que gera problemas de infiltração também na laje, que não foi devidamente impermeabilizada. Este pavimento tem três quartos, um banheiro, uma sala e cozinha conjugadas e uma área de serviço. Dois desses quartos estão bastante afetados por essa infiltração por estarem no local onde a parede está bastante infiltrada e onde a cobertura do pavimento superior ainda não foi feita.

Figura 02 - Trinca na parede da casa alugada

Figura 03 - Cômodo mais afetado pela infiltração na casa alugada

Algumas soluções foram conversadas, principalmente com relação à infiltração. Claudionor conta que queria colocar piso no pavimento superior para impermeabilizar a área e tentar resolver o problema da infiltração. No entanto, a água continuaria infiltrando na laje pelo seu contato direto com a terra. Já com relação à parede, uma solução possível seria a drenagem da água, associada à construção de uma outra parede, distante alguns centímetros dessa. Feito isso, a parede do cômodo estaria isolada da infiltração e, consequentemente, impermeabilizada.

O esgotamento das águas negras do lote é feito por uma única fossa que atende a demanda das três casas que estão sendo ocupadas atualmente. Já as águas cinzas não possuem rede de tratamento. Outra fossa precisará ser construída para atender a casa onde Claudionor pretende morar com a família, pois a fossa existente está provavelmente saturada.

Sobre a casa ainda em construção, o morador quer discutir possibilidades antes de finalizar pois precisa de ajuda para pensar num melhor aproveitamento dos espaços internos e nos acessos da casa, além de alternativas para sanar a infiltração do pavimento inferior.

Inicialmente, Claudionor pensou na disposição interna da casa de maneira que essa não tivesse corredores (ver Figura 04), o que, para ele, seriam espaços desperdiçados. No entanto, ficou em dúvida sobre a localização do banheiro (dadas suas especificidades de tubulação e rede de esgoto) e resolveu construir sem tomar essa decisão. A solução é bastante interessante quanto ao aproveitamento dos espaços. No entanto, se os cômodos forem rearranjados e o acesso for feito pela sala (ver Figura 05), poderá ser feito um movimento de terra menor e que possibilite a abertura de uma janela para o pavimento inferior (que sofre bastante com a infiltração, falta de ventilação e iluminação).

Figura 04 - Configuração dos espaços internos pensada por Claudionor

Figura 05 - Configuração dos espaços internos discutida na visita

Claudionor pretende começar a executar no meio do ano e mostrou interesse em conversar mais vezes com o grupo Praxis até o momento de construir. Sua intenção é chegar numa solução mais coerente com o que já existe, considerando o fato de que não se pretende demolir tudo e construir novamente, mas evitar o desperdício da demolição e aproveitar o que já está construído, melhorando a qualidade dos espaços.

Projetos Socioambientais – Palestra da Professora Denise Morado e da Doutoranda Marcela Brandão

No dia 26/03/2012 a aula foi ministrada pela Professora Doutora Denise Morado, coordenadora do Grupo Praxis – UFMG, seguida por uma apresentação da disciplina optativa ofertada no semestre passado pela Doutoranda Marcela Brandão.

A professora Denise propôs discussões sobre as práticas sociais da arquitetura, bem como sobre a arquitetura contemporânea. Essa arquitetura é introduzida como uma possibilidade de ações políticas de maneira que a produção do espaço urbano seja feita COM as pessoas, e não PARA as pessoas. Para tal, é preciso incorporar os novos modos de vida e de agir das pessoas, diferente dos pressupostos “vitruvianos” que alimentaram a arquitetura moderna (tecnologia, funcionalidade e estética) e também a produção do espaço naquela época, a qual não incorpora esses novos pressupostos.

A professora cita também alguns atributos importantes da arquitetura contemporânea, como a diversidade, a flexibilidade, a industrialização inteligente e o acesso de todos à informação. O que se deseja são ações que se integrem para construir o caminho que nos leva da situação atual à situação desejada. Essas ações devem ser pensadas a partir de estratégias e de um processo de compartilhamento de informações. O objetivo é que isso resulte em transformações urbanas que de fato incorporem os novos modos de viver e de agir das pessoas.

Feita essa introdução teórica, a Professora Denise apresentou o projeto de pesquisa Diálogos e suas intenções de se investigar soluções construtivas junto aos moradores, enfatizando o fato de que a decisão final é sempre do morador, ou seja, de quem vive e convive naquele espaço. As estratégias do Projeto Diálogos serão utilizadas como maneiras de se comunicar e trocar ideias com Ivete a respeito de sua casa.

Depois da apresentação da Professora Denise, a doutoranda Marcela Brandão apresentou a disciplina que ofertou no semestre passado, sob supervisão da professora Denise Morado. A disciplina Artesanias Construtivas tinha como objetivo a aproximação de práticas construtivas e projeto, os quais não devem ser dissociados. Marcela passou algumas sugestões de bibliografia como, por exemplo: “O fazer pensante do artífice”, de Richard Sennet; “Ecologia dos Saberes”, de Boaventura de Souza Santos; bem como textos variados de Michel de Certeau, Jacques Ranciére, Jean Luc-Nancy, Roland Barthes e Peter Pál Pelbart.

Depósitos de material de construção dos bairros Jardim Canadá e Capela Velha – Nova Lima

O grupo Praxis realizou um levantamento dos depósitos de material de construção existentes nos bairros Jardim Canadá e Capela Velha (região de Macacos), com o intuito de ter contato com as pessoas que estão construindo ou reformando suas casas e que possam se interessar em participar da pesquisa Diálogos.

Os depósitos encontrados foram localizados nos mapas abaixo.

Depósitos de materiais de construção do bairro Jardim Canadá - clique na imagem para ampliá-la

Depósitos de materiais de construção do Capela Velha - clique na imagem para ampliá-la

Projetos Socioambientais – Palestra da Professora Simone Tostes e do doutorando em Geografia Felipe Magalhães

No dia 19.03.2012 a aula da disciplina Projetos Sócio-ambientais foi ministrada por dois professores convidados, a Professora Simone Tostes e o doutorando em Geografia – UFMG, Felipe Magalhães.

A aula da professora Simone iniciou na disciplina uma discussão sobre a temática da vocação e da identidade do lugar, com o intuito de problematizar os processos determinadores de identidade e singularidade espacial para uma possível apropriação pelo mercado. A identidade questionada foi aquela colocada como verdade, essência estabelecida, que pode vir a ser encarada como produto, uma vez que a espacialidade e suas singularidades são passíveis de consumo. O mercado pode utilizar de singularidades espaciais para criação de uma identidade congelada, estabelecendo formas de consumo de um produto no qual pode vir a transformar-se o lugar. Tem – se como exemplo Tiradentes e seu caráter bucólico, paisagem congelada para o contínuo movimento turístico, que não necessariamente representa a dinâmica da vida comum e cotidiana.

            A aula do doutorando Felipe trouxe uma explicação abrangente da proposta de reestruturação territorial da RMBH através do Plano de Desenvolvimento integrado, PDDI. Inicialmente foram abordados aspectos problemáticos atuais da região metropolitana de Belo Horizonte e em seguida foi feita uma apresentação sobre a estrutura do plano. Discutiu-se muito a respeito da descentralização concentrada: que é a descentralização sem gerar o espraiamento da mancha urbana, ou seja o desenvolvimento de centralidades urbanas espalhadas pelo território metropolitano. Essa proposta de reestruturação territorial pretende criar uma “estratégia de descentralização do emprego, do comércio e dos serviços públicos e privados, reduzindo a dependência em relação ao núcleo central de Belo Horizonte, e criando oportunidades de desenvolvimento para áreas periféricas. A ideia é substituir a estrutura monocêntrica, com um sistema de transporte radial e convergente para um único centro, por uma estrutura policêntrica, organizada em torno de uma rede de mobilidade multi-modal.”( SECRETARIA DE ESTADO EXTRAORDINÁRIA DE GESTÃO METROPOLITANA).

Fonte: http://www.metropolitana.mg.gov.br/eixos-tematicos-integrados/proposta-de-reestruturacao-territorial-metropolitana

 

Fonte: http://www.metropolitana.mg.gov.br/eixos-tematicos-integrados/proposta-de-reestruturacao-territorial-metropolitana

 

Fonte: http://www.metropolitana.mg.gov.br/eixos-tematicos-integrados/proposta-de-reestruturacao-territorial-metropolitana

A partir dessas discussões, a disciplina voltou sua atenção para uma das novas centralidades propostas, exatamente na região em estudo, o bairro Jardim Canadá. Foram problematizadas possíveis alterações advindas da formação de uma nova centralidade na região, relacionadas à gentrificação e a outros processos transformadores do espaço, e assim, discutiu-se como o PDDI havia articulado essa centralidade de forma a evitar o acontecimento dos processos já mencionados.

Para ver os mapas, clique aqui.

Projetos Socioambientais – apresentação das etapas de trabalho

Na aula do dia 12/03/2012, foram apresentadas as etapas da disciplina:

ETAPA 01 à aulas teóricas – coletivos de arquitetura e arquitetura participativa

ETAPA 02 à mapeamento de inventos em habitações no bairro Jardim Canadá e proposta de intervenções utilizando resíduos já mapeados, também no bairro Jardim Canadá

ETAPA 03 à intervenção em habitação – construção do projeto desenvolvido; desenvolvimento de cartilha; elaboração de artigo

Depois dessa apresentação, foi proposta uma discussão de análise do bairro Jardim Canadá. Foram discutidos vários pontos importantes, dentre eles: a ausência de limites entre os espaços públicos e privados; a ocupação bastante informal, apesar de respeitar a malha urbanística; os efeitos diretos da mineração no bairro; dados do IBGE (2000) sobre o bairro – 1049 domicílios (4200 habitantes) | 65% das famílias tem renda menor que 3 salários mínimos.

Foram também levantados potenciais do lugar, como a diversidade, a consolidação da microeconomia e da vida urbana e também a conformação de uma centralidade do eixo sul da RMBH (Região Metropolitana de Belo Horizonte). Além de potenciais, identificou-se também um importante conflito, que é a tendência a expulsão da população de baixa renda do bairro.

Ao final da aula, foi sugerido pelas professoras a leitura do texto “A invenção do cotidiano”, de Michel de Certeau. Além da leitura, os alunos deverão pesquisar soluções construtivas com o uso de “pallets”, bem como maneiras de apropriação e transformação do espaço ao longo do tempo e a flexibilidade desses lugares, levando em consideração o conceito de “tática” discutido por Michel de Certeau.

Projetos Socioambientais – apresentação da disciplina

A disciplina UNI009 – Projetos Socioambientais é ofertada pelas professoras Natacha Rena, Juliana Torres e Marcela Brandão, todas integrantes do Grupo de Pesquisa PRAXIS. Na primeira aula da disciplina, foi apresentada uma bibliografia que deverá ser utilizada como referência para a discussão teórica durante as aulas.

O objetivo da disciplina é fazer um projeto de intervenção em uma habitação do bairro Jardim Canadá. A habitação escolhida foi a casa da Ivete, que trabalha na limpeza do JACA (Centro de Arte Jardim Canadá). Para isso, os alunos deverão fazer um estudo de obras análogas de coletivos de arquitetura que trabalham com projetos semelhantes, além de fazer um mapeamento dos resíduos e das inteligências construtivas identificadas no bairro Jardim Canadá. Ao final de tudo isso, os alunos deverão produzir uma cartilha explicativa do processo, bem como elaborar um artigo embasado pela discussão teórica da disciplina.

Natacha explicou o que é o Programa DESEJA.CA (Desenvolvimento Sustentável e Empreendedorismo Social Jardim Canadá), o qual terá bolsistas de graduação envolvidos durante toda a disciplina com seus projetos de extensão (MAR.CA – marcenaria, TE.CA – tecelagem, ESTAM.CA – estamparia, GRAFI.CA – design gráfico). Além disso, as bolsistas do Grupo Praxis também estarão envolvidas em todo o processo com o projeto de pesquisa Diálogos.

Depois disso, as professoras passaram diversas referências de projetos e/ou pesquisas semelhantes para que os alunos pudessem pesquisar. São eles:

- Zuloark (Cirugeda)

- Todo por la Praxis

- Supersudaca

- Arquitectura expandida

- Oficina Informal

- Al Borde

- MOM (Brasil)

- Praxis (Brasil)

- Nomads (Brasil)

Visita e entrevista a autoconstrutores residentes no bairro Jardim Canadá – D. Maria das Dores e Sr. Milton

Presentes: Camila Alberoni, Camila Bastos e Paulinísia
Durante as reuniões da disciplina Artesanias Construtivas no Bairro Jardim Canadá, a moradora D. Maria das Dores nos relatou sua vontade de ter uma assistência técnica para a conclusão das obras de sua casa. A mesma nos disse que já havia “feito e refeito” sua cozinha mais de três vezes e que, com o dinheiro gasto nessas mudanças, já poderia ter terminado toda a casa.

Agendamos uma visita para o dia 23/02/2012 e, durante a entrevista, a moradora nos contou que mudou para o bairro há 14 anos e que, ao comprar o lote onde mora, solicitou à prefeitura de Nova Lima um projeto para sua casa. No entanto, esse projeto não saiu e a família começou então a construir por conta própria, já que seu marido, Sr. Milton, trabalhou muitos anos como pedreiro e tem bastante conhecimento prático do assunto. Com a ajuda de seu filho, construiu um pequeno cômodo e, com o tempo, foi ampliando de acordo com a necessidade da família. Alguns de seus filhos foram mudando para seu lote, somando atualmente 14 pessoas residindo ali. Todo o serviço de elétrica e hidráulica também foi feito por Sr. Milton, com a ajuda de seu filho.

Cômodo inicial da casa que hoje abriga a cozinha

O material utilizado na construção foi praticamente todo comprado nos depósitos do bairro. Somente os acabamentos foram comprados na Telha Norte, pelo fato de o marido ter o cartão da loja e o frete ser mais barato do que os próprios depósitos do bairro.

A moradora relatou que sua casa está em fase de acabamento (colocação de piso e peças) e que, por enquanto, não pretende fazer mudanças significativas. Porém, sua filha, que já construiu dois cômodos no segundo pavimento, pretende ainda neste ano ampliar a cozinha e fazer mais um quarto para suas filhas. Neste caso, ela irá contratar um pedreiro e gostaria de poder contar com a nossa assessoria. Assim que ela comprar o material, entrará em contato conosco.

Segundo pavimento - área a ser ampliada

Ao final da visita, falamos do nosso interesse em acompanhar o Sr. Milton no que ele for executar em sua casa e pedimos à D. Maria das Dores que fale sobre o nosso trabalho aos amigos e vizinhos que estejam construindo ou que pretendam construir.

OFIAUP: Apresentação dos trabalhos finais aos moradores

No sábado (03/12) os alunos da disciplina OFIAUP apresentaram os trabalhos finais aos moradores do bairro Capela Velha.

Júnia iniciou a apresentação dos trabalhos anunciando a reunião agendada pela Prefeitura com o Grupo PRAXIS na terça, dia 06/12. Em seguida, ela entregou aos moradores uma cópia do TAC (Termo de Ajuste de Conduta) no qual consta a obrigatoriedade do poder municipal de implantar no bairro o sistema de esgotamento sanitário. Recomendou que reativassem a associação, considerando que haveria assim um maior poder de pressão e negociação dos moradores com a prefeitura.

Em seguida os alunos apresentaram os trabalhos desenvolvidos na disciplina OFIAUP:

 

1.    Grupo velório/associação e cemitério

Os alunos abriram sua apresentação explicando que a escolha do local para a construção do velório foi feita pelos moradores. Tendo em vista que não aconteciam muitas mortes no bairro e, consequentemente, muitos enterros, ficou decidido que o projeto deveria permitir a realização de outros eventos, tais como as reuniões da associação de moradores do bairro, rezas do terço, etc.

O grupo optou por uma implantação que permitisse uma boa visualização da capela pelos moradores, e, por isso, a entrada principal foi direcionada para a fachada norte. Para amenizar a insolação dessa direção, eles mantiveram as árvores do terreno, projetaram brises para essa fachada e uma varanda, que além da proteção solar serviria também como extensão da área interna.O espaço interno foi dividido em um salão de 34 metros quadrados, uma pequena copa e dois banheiros acessíveis – feminino e masculino.

Como o terreno tem uma inclinação razoável, o grupo optou por não fazer uma movimentação de terra, deixando, dessa maneira, a edificação elevada em relação aos pontos mais baixos, com o propósito de afastá-la da umidade do solo.

Os materiais escolhidos foram: bambú para a estrutura; alvenaria de tijolo nos banheiros e copa e vidro para o salão; para o telhado, a estrutura deverá ser de bambú e a cobertura deverá receber telha tipo onduline (facilidade de montagem, baixo custo, caráter ecológico e relativo conforto térmico).

Quanto à forma do telhado, o grupo considerou que a opção por 2 águas facilitaria sua execução. Entretanto, o grupo achou importante considerar o caráter espiritual da construção, e por isso as 2 inclinações para cada água, além da cruz sobre o volume externo da caixa d’agua. Entretanto, o grupo não optou por um caráter religioso mais definido, visto que ali existem moradores de diversas religiões.

Para se ganhar um pouco mais de espaço, o grupo decidiu encostar a edificação na divisa. Para facilitar a execução das fundações desse trecho, optaram pela retirada de parte do muro com o cemitério.

Quanto aos acessos, o frontal será via escada, mas haverá um acesso lateral acessível, inclusive para a entrada dos caixões.

Após a apresentação do grupo, o arquiteto Trajano, que havia fornecido algum tempo atrás outro projeto para uma capela do bairro, questionou o tamanho da área interna da proposta, que poderia ser aumentada se houvesse uma movimentação de terra do terreno.

O grupo argumentou que acreditava ser importante uma proposta econômica e possível de ser construída pelos próprios moradores. O arquiteto afirmou não concordar que economia era importante nesse caso, visto que a Vale poderia patrocinar a obra. A platéia não concordou, e contra-argumentou que economia deveria ser sempre um fator a ser considerado, e que a negociação com a Prefeitura e Vale não garantia a construção da capela-velório, bem como dos demais problemas levantados pelos outros grupos (esgoto, drenagem, construção de uma praça).

Flávio, outro convidado presente, elogiou a estratégia de retirada do muro para ganho de área, e lembrou que o vilarejo (Macacos) possui outra capela, antiga e “linda”, que raramente é aberta à comunidade local.

Por fim, o grupo apresentou o mapeamento dos túmulos, com a identificação de cada um.

 

 

2.    Grupo Praça

O grupo iniciou sua apresentação justificando a pertinência de uma intervenção naquele local, por se tratar de um importante espaço de convívio, espera de ônibus, inclusive escola, como também para a realização de festas do bairro.

Com relação à apresentação da reunião anterior, o grupo acrescentou na proposta:

- aterramento da praça, para assim demarcar melhor o uso do pedestre, como também para contribuir na drenagem das águas pluviais.

- ponto de ônibus aumentado com quadro de avisos

- melhoria do acesso à casa da moradora Vanderli, com a implantação de uma arquibancada na transição entre a praça e o acesso à casa, e a construção de um painel lateral ao muro da casa para a projeção de filmes para a comunidade.

- Quanto ao deck, o grupo esclareceu as vantagens dessa opção em relação a opção aterro mais construção de muros e contenções.

- Quanto ao deck ser de madeira, o grupo apresentou algumas das características desse material, inclusive resistência ao fogo. Entretanto, Lúcia pediu que fosse avaliada a opção por um deck de plástico.

 

3.    Grupo pavimentação, drenagem e fluxos das vias

O grupo iniciou sua apresentação enfatizando a importância do calçamento no bairro, para a diminuição da lama e poeira, e, consequentemente, prevenção de doenças respiratórias.

Como alternativa ao asfaltamento, o grupo apresentou o piso intertravado produzido na região, a partir dos rejeitos da mineração. Esse material foi pesquisado e desenvolvido pelo Sr. Flávio, que estava presente na reunião e explicou a todos as suas vantagens: qualidades térmicas, grande capacidade de infiltração das águas pluviais, facilidade de manutenção, o que torna o custo a médio prazo bastante competitivo ao custo do asfalto. Além de tudo, trata-se de um produto que visa à recuperação das bacias da região, atualmente poluídas pelos rejeitos da mineração. Uma peça do intertravado circulou entre os moradores.

O grupo também apresentou um projeto de drenagem para as ruas e entre lotes. Um morador questionou sobre a passagem das águas “nos lotes dos outros”. O grupo explicou que esses caminhos já existem ali, e que estavam propondo que fosse feita apenas sua canalização e desaceleração, inclusive com a construção de caixas para tal fim em alguns trechos.

O grupo apresentou sua proposta através de fotomontagens, facilmente entendidas, e plantas, não tão assimiláveis.

 

4.    Grupo campo de futebol

O grupo desistiu da disciplina.

 

 5.    Grupo esgoto

O grupo iniciou sua apresentação lembrando de todo o processo de pesquisa, que incluiu alternativas individuais e coletivas, e justificando a escolha por biogestores ou mini-etes em função dos tamanhos dos lotes.

Para o cálculo das etes foi considerado um considerável aumento da população, de 460 habitantes para 1000 habitantes em 5 anos.

Os alunos dividiram o bairro em 10 áreas, cada qual com 12 a 15 casas, e, em função da topografia, locou 10 mini-etes em lotes vagos.  Entretanto, será necessário conferir se esses lotes não possuem donos.

 

Apresentação intermediária dos trabalhos de OFIAUP

No dia 19 de novembro alguns grupos apresentaram resultados parciais dos trabalhos de OFIAUP aos moradores do Capela Velha.

 

1.    Grupo capela/velório

O grupo iniciou a aula apresentando algumas opções de lugares para a implantação da capela/velório:

- 1ª opção: área maior com muitas árvores

- 2ª opção: área dentro do cemitério

- 3ª opção: área próxima à atual arquibancada do campo

- 4ª opção: acesso pelo cemitério

Lúcia, moradora do bairro, votou pela 1ª opção, alegando que ali já é o lugar definido pelos moradores. Os outros moradores concordaram com ela.

O grupo levantou outras questões:

- quais são os outros usos desse espaço?

- além do espaço para as reuniões, quais seriam os outros cômodos importantes: banheiro, copa?

- quantas pessoas que se reuniriam aí?

- qual seria o mobiliário mais adequado?

- quais os materiais disponíveis na região para a sua construção?

Os alunos mostraram aos moradores algumas imagens de capelas construídas em outros lugares, inclusive algumas nas quais foi usado o  bambú, já que na região existem muitos bambuzais e houve ali, através do Projeto Kairós, um resgate da tecnologia desse material. Os alunos também levantaram a hipótese de se aproveitar as árvores, que serão retiradas do terreno, na construção da capela.

Lúcia, que trabalha na casa de um fabricante de telhas termo-acusticas, falou que o patrão poderia doar algumas para a capela/velório.

Vanderli, uma moradora do bairro, disse que o patrão, um arquiteto chamado Trajano, já havia feito um projeto para a capela/velório, considerando um terreno grande em frente ao bairro. Os alunos se comprometeram a conversar com ele para trocarem idéias…

Por fim, os alunos anunciaram que estão completando a identificação dos túmulos, com a ajuda do coveiro, Sr. Antônio.

 

2.    Grupo Praça

O grupo apresentou algumas imagens de um modelo do SketchUp produzido por eles com as seguintes propostas:

- deck de madeira: visando o aumento da área da praça sem o uso de aterro e contenções caras, e a criação de uma barreira para os motoqueiros nesse ponto. A moradora Lúcia gostou da ideia, mas teme que ele seja estragado pelos moradores.

- criação de uma rotatória em frente ao bairro, para que o ônibus faça sua manobra sem invadir a praça. Os presentes concordaram que a manobra do ônibus continua sendo difícil.

- manutenção de uma faixa para o acesso da garagem da casa da Vanderli. A moradora acredita que a manobra de acesso à garagem seja um pouco difícil.

- manutenção do ponto de ônibus projetado pelo Kairós e inclusão de quadros de avisos solicitados em reuniões anteriores.

- brinquedos versáteis.

 

3.    Grupo pavimentação, drenagem e fluxo das vias

A proposta do grupo é pelo uso de intertravado na pavimentação, no intuito de se manter a permeabilidade do solo. O grupo enfatizou que a opção por uma pavimentação não-permeável, como é o asfalto, pode piorar os problemas atuais advindos da falta de drenagem do bairro.

Diante da grande variação na largura das ruas, os alunos propuseram que as duas vias principais do bairro tenham um fluxo em mão única (conformando um binário), proporcionando, assim, a criação de passeios mais largos em alguns trechos, que podem ser usados como parquinhos e pracinhas, estimulando, com isso, que os moradores continuem a usar as ruas como espaço de convívio.

Os alunos mostraram algumas fotos do bairro, o que provocou reações negativas por parte dos moradores, que acharam que as imagens denunciavam um bairro feio. Em seguida, foram mostradas fotomontagens das propostas, provocando outra reação: “que lindo, é o meu sonho!!!”.

 

4.    Grupo campo de futebol

O grupo identificou, através de entrevistas com os moradores, que os maiores problemas do campo são a falta de grama, falta de iluminação, falta de lixeiras e falta de banheiros.

Quanto à grama, o grupo pesquisou 4 tipos: esmeralda (mais cara, mas exige pouca manutenção), batatais (mais barata, mas exige muita manutenção), bermudas e são Carlos (a indicada por um morador jardineiro).

Quanto à manutenção do campo, o grupo entrevistou alguns os jogadores do bairro, que disseram: “gente para fazer a manutenção tem, mas falta união”.

O grupo verificou que as dimensões do campo estão fora de norma (90 m x 70 m), mas sugeriu mantê-las assim, pelo fato dos moradores estarem acostumados com esse tamanho/formato. Entretanto, o campo recebe outros times, inclusive para torneios, e a sugestão dos moradores e demais alunos é que  ele seja adaptado às medidas da norma.

O grupo apresentou uma proposta de arquibancada coberta atrás do gol, bastante alta (7 degraus), em estrutura metálica. Novamente, os moradores e demais alunos argumentaram que a adaptação do campo às normas permitiria que a construção de uma arquibancada em uma das laterais, com 1 ou 2 degraus apenas, aproveitando, inclusive, a sombra das árvores existentes ali.

Para as lixeiras, o grupo apresentou apenas opções do mercado. Não apresentou nenhuma opção que poderia ser construída pelos moradores, com materiais disponíveis no bairro.

No que se refere à iluminação, não houve proposta.

 

5.    Grupo esgoto

Na reunião anterior o grupo havia mostrado várias opções de esgoto e explicado as diferenças entre águas negras e cinzas. O grupo iniciou sua apresentação lembrando essas informações, que foram imediatamente completadas por alguns dos moradores que haviam comparecido à reunião passada.

Nesse dia, os alunos disseram que, a partir de análises e conversas com um engenheiro sanitarista (Gustavo), apenas duas das opções apresentadas anteriormente seriam adequadas para o Capela Velha: biodigestores ou algumas mini-etes distribuídas pelo bairro. Tal conclusão se deu em virtude das características analisadas, como, por exemplo, a falta de espaço nos lotes para a construção de um conjunto séptico completo.

O grupo concluiu que será necessária a construção de mini-etes para atender o bairro. O grupo fez também alguns orçamentos e verificou que essa seria a opção mais viável. Entretanto, ainda é necessário analisar os possíveis locais para a sua implantação.

Júnia sugeriu a implantação de um pedágio no bairro para os motoqueiros. A verba arrecadada poderia ser usada nas obras sugeridas.