Presentes : Denise Morado, Marcela Brandão, Camila Alberoni e Camila Bastos
Claudionor recebeu o folheto da pesquisa Diálogos durante a realização da disciplina de OFIAUP e, depois de algum tempo, resolveu entrar em contato com o grupo Praxis UFMG com interesse na proposta.
Claudionor é morador do Capela Velha e trabalha informalmente prestando serviços nos condomínios próximos. Comprou o terreno onde mora há quinze anos e escolheu o local pois o tio já morava na região e alguns familiares também estavam vindo de sua cidade natal para o bairro. Conta que, naquela época, haviam por volta de dez casas no Capela Velha (número que aumentou consideravelmente nos últimos anos).
No lote onde mora estão construídas quatro casas, sendo que uma delas está inacabada (a qual pretende finalizar este ano para morar com a família). Em uma das duas casas que ficam na parte mais baixa do lote moram atualmente ele e a família e, na outra, mora seu irmão, também com a família. A outra casa é alugada sempre para pessoas próximas a ele, sejam amigos ou familiares. A casa que Claudionor pretende terminar e morar com a família (ver Figura 01) fica na parte mais alta do lote, mais próxima à rua e, portanto, com acesso direto à garagem e entrada de pedestres.
As quatro casas foram construídas por pedreiros conhecidos de Claudionor, do próprio Capela Velha. O morador conta que acompanhou de perto as obras, participando da execução e também das decisões, as quais foram sempre direcionadas pelos pedreiros. Claudionor desenhava o que imaginava para sua casa e, quando tinha recursos disponíveis, comprava o material, contratava os pedreiros e construía. Por construir apenas quando os recursos eram suficientes, teve que contratar diversos pedreiros diferentes, o que, segundo ele, foi um agravante de alguns problemas identificados nas casas, já que “cada pedreiro trabalhava do seu jeito”.
A respeito do material de construção utilizado nas obras, Claudionor conta que compra no depósito mais barato que encontra. No início das obras, porém, comprava no Depósito Souza Maia, já que conhece o dono e este fazia condições de pagamento melhores para ele. Além disso, o proprietário do Depósito Souza Maia (Roberto) vendia o material em seu próprio caminhão, ou seja, facilitava o transporte para quem estava construindo.
A casa que está alugada tem vários problemas de infiltração, bem como estruturais (algumas paredes possuem trincas significativas – ver Figura 02). A parede de blocos de concreto, que funciona como arrimo, sofre bastante infiltração (ver Figura 03), uma vez que foi construída em contato direto com o terreno natural. Além disso, o pavimento superior está inacabado e não possui cobertura, o que gera problemas de infiltração também na laje, que não foi devidamente impermeabilizada. Este pavimento tem três quartos, um banheiro, uma sala e cozinha conjugadas e uma área de serviço. Dois desses quartos estão bastante afetados por essa infiltração por estarem no local onde a parede está bastante infiltrada e onde a cobertura do pavimento superior ainda não foi feita.
Algumas soluções foram conversadas, principalmente com relação à infiltração. Claudionor conta que queria colocar piso no pavimento superior para impermeabilizar a área e tentar resolver o problema da infiltração. No entanto, a água continuaria infiltrando na laje pelo seu contato direto com a terra. Já com relação à parede, uma solução possível seria a drenagem da água, associada à construção de uma outra parede, distante alguns centímetros dessa. Feito isso, a parede do cômodo estaria isolada da infiltração e, consequentemente, impermeabilizada.
O esgotamento das águas negras do lote é feito por uma única fossa que atende a demanda das três casas que estão sendo ocupadas atualmente. Já as águas cinzas não possuem rede de tratamento. Outra fossa precisará ser construída para atender a casa onde Claudionor pretende morar com a família, pois a fossa existente está provavelmente saturada.
Sobre a casa ainda em construção, o morador quer discutir possibilidades antes de finalizar pois precisa de ajuda para pensar num melhor aproveitamento dos espaços internos e nos acessos da casa, além de alternativas para sanar a infiltração do pavimento inferior.
Inicialmente, Claudionor pensou na disposição interna da casa de maneira que essa não tivesse corredores (ver Figura 04), o que, para ele, seriam espaços desperdiçados. No entanto, ficou em dúvida sobre a localização do banheiro (dadas suas especificidades de tubulação e rede de esgoto) e resolveu construir sem tomar essa decisão. A solução é bastante interessante quanto ao aproveitamento dos espaços. No entanto, se os cômodos forem rearranjados e o acesso for feito pela sala (ver Figura 05), poderá ser feito um movimento de terra menor e que possibilite a abertura de uma janela para o pavimento inferior (que sofre bastante com a infiltração, falta de ventilação e iluminação).
Claudionor pretende começar a executar no meio do ano e mostrou interesse em conversar mais vezes com o grupo Praxis até o momento de construir. Sua intenção é chegar numa solução mais coerente com o que já existe, considerando o fato de que não se pretende demolir tudo e construir novamente, mas evitar o desperdício da demolição e aproveitar o que já está construído, melhorando a qualidade dos espaços.