OFIAUP – Aula de discussão sobre a mobilização e os materiais a serem utilizados

Em continuidade aos trabalhos do semestre passado da disciplina de OFIAUP, ministrada pela professora Júnia Ferrari, os alunos deste semestre estão desenvolvendo os projetos da Praça e da drenagem do bairro Capela Velha.

Para tal, na aula do dia 30/05, a turma foi dividida em dois grupos: mobilização e materiais. O grupo de mobilização tem como objetivo pensar em estratégias de aproximação aos moradores do bairro, com o intuito de convidá-los para a reunião (a ser realizada no dia 06/06) na qual serão apresentadas propostas iniciais de intervenções no bairro, bem como convidá-los a participar do processo de discussão e execução do projeto. O segundo grupo ficou encarregado de mapear possíveis fornecedores de materiais/resíduos, como pallets ou outros tipos de madeira, corpos de prova de concreto, lona, telas, e outros materiais disponíveis que sejam adequados à proposta. Esse mapeamento deverá ser feito, de preferência, nas proximidades do bairro, de maneira a facilitar o transporte do material. Além do transporte, o grupo dos materiais deverá se encarregar de providenciar algum local para armazenar o material coletado.

Foram discutidos os fatores positivos e negativos em relação a praça. Dentre os negativos, destacamos o trânsito principalmente de motos que acontece na região, além da falta de mobiliário que possibilite a apropriação do espaço. Já com relação aos pontos positivos, tem-se a posição estratégica (entrada do bairro), bem como as funções a serem potencializadas como espaço público de descanso, permanência, lazer e até mesmo informação e sinalização. Além disso, destaca-se o relevo favorável e as visadas possibilitadas pelo local. Tendo em vista esses pontos a serem potencializados, pensou-se em melhorar a conformação daquele espaço, o que demandaria primeiramente a contenção de um dos limites da praça. Para essa contenção, discutiu-se a possibilidade de fazer um muro gabeão com pedras da região, uma contenção feita com corpos de prova de concreto ou até mesmo feita por pneus. essas ideias serão discutidas com os moradores na reunião do dia 06/06 e desenvolvidas a partir de então.

Projetos Socioambientais – Processo de Projeto, encontro do dia 28.05.2012

No encontro do dia 28.05.2012 os grupos de trabalho, separados na semana anterior, apresentaram suas pesquisas em forma de vídeos, diagramas, croquis, mapas e textos. Esse encontro foi uma oportunidade de discussão sobre as demandas dos moradores e possíveis estratégias projetuais.

FONTE: trabalho da disciplina projetos socioambientais

Após as discussões, os alunos foram outra vez separados em grupos de pesquisa, nesse momento as pesquisas foram relativas a temas específicos, em sua maior parte direcionadas a problemas construtivos e de salubridade e suas causas, como infiltração, pouca iluminação e ventilação, problemas elétricos, entre outros.

Projetos Socioambientais – Processo de Projeto, encontro do dia 21.05.2012

Na aula do dia 21.05.2012, uma semana após o primeiro encontro de todos os integrantes da disciplina Projetos socioambientais com a Ivete, foram sistematizados todos os aspectos da conversa da semana anterior, como o histórico da moradia, as características da habitação, locais bem estruturados e construídos, locais de maior precariedade, quais os problemas desses locais, os desejos dos moradores e os planos futuros para a casa, os hábitos de uso e ocupação, através do chamado “habituário”, a relação da casa com o entorno, bem como a relação dos moradores com o entorno. A partir da organização das informações apreendidas na última semana,  foi aberta uma discussão em torno das principais demandas identificadas pelos professores e estudantes e dos principais desejos dos moradores. A turma foi dividida em quatro frentes de pesquisa para que o histórico e atuais demandas da casa e da família fossem mais profundamente compreendidos:

  • USOS E HÁBITOS
  • MATERIALIDADES
  • CONTEXTO
  • BIOGRAFIA

Assim, a proposta de trabalho para a próxima semana foi que os grupos fizessem uma nova visita à casa da Ivete para que tivessem mais contato com os outros moradores e mais respostas para os tópicos elaborados em sala de aula.

Visita a autoconstrutores – futuros residentes do bairro Jardim Canadá – Alair

Presentes (UFMG): Marcela Brandão, Camila Alberoni e Luíza Bastos

Alair é morador do Miguelão – bairro de Nova Lima nas proximidades da BR-040 –  e pretende construir uma casa de dois quartos no bairro Jardim Canadá para morar com sua noiva. Atualmente trabalha na Engeloc, empresa de equipamentos para construção civil localizada no bairro Jardim Canadá, e sua noiva trabalha como enfermeira em Belo Horizonte. A princípio, o casal não pretende ocupar a casa com outra função que não seja a moradia, uma vez que ambos são empregados e não tem a intenção de abrir qualquer negócio junto à casa que será construída.

A avó materna de Alair foi a primeira pessoa da família a mudar-se para a região. No entanto, Alair não possui mais parentes morando no bairro Jardim Canadá. Sua família vive no bairro Miguelão mas estão construindo uma nova casa no Vale do Sol. O lote no bairro Jardim Canadá, onde Alair pretende construir sua casa, é parte de uma herança que sua avó materna deixou para sua mãe e sua tia. Sendo assim, planeja ocupar a metade do lote pertencente a sua mãe. O lote inteiro possuí 360 m2 e Alair deseja que ele seja divido longitudinalmente, para que ambas as partes desmembradas tenham acesso direto à rua, apesar de sua tia não ter previsão de ocupar o lote.

Para a construção da casa, Alair fez um orçamento na empreiteira do tio de sua noiva. O preço da mão de obra para a construção da casa foi orçado em 21.000 reais e a proposta da empreiteira é entregar a casa “pronta para morar”, ou seja, com as instalações hidráulicas e elétricas prontas, acabamento interno (exceto pintura da parede) e telhado colonial.  O material para construção da casa não está incluído na proposta da empreiteira e foi orçado no depósito de material de construção Canadá II, no próprio bairro.  O preço estimado para a compra do material foi de 16.000 reais e os equipamentos para a construção da casa serão organizados pelo próprio Alair, provavelmente através empresa onde trabalha. Os acabamentos ainda não foram especificados mas provavelmente serão escolhidos por Alair e sua noiva.

Para o custeio da construção, Alair pretende pegar um financiamento na Caixa Econômica Federal associado a sua folha de pagamento,  uma vez que possui conta salário no mesmo banco. Alair foi à prefeitura de Nova Lima conhecer o processo necessário para iniciar a construção da casa, mas ainda não solicitou as informações básicas.

O próprio Alair fez um desenho em planta da casa onde deseja morar (Figura 01), utilizando o aplicativo “WordPad”. Ele explicou que organizou os espaços de maneira que a sala fosse o primeiro cômodo, pois considera importante receber bem quem chega à sua casa e não queria que as visitas entrassem pela cozinha ou que tivessem que passar por um estreito beco na lateral do lote para entrar pela sala. Logo após a sala estão dois quartos, e entre eles, um banheiro. A cozinha foi localizada na parte mais dos fundos da casa, voltada para um quintal.

Figura 01: Planta desenhada por Alair para sua própria casa

O lote de Alair é um lote em declive, mas Alair pretende fazer sua casa acima do nível da rua. Para isso, deverá ser feito um aterro no lote mas Alair conta que no orçamento dado pela empreiteira do tio da noiva, já está incluído o custo de execução do muro de arrimo para este aterro.

Projetos Socioambientais – Primeira conversa com Ivete

No dia 14/05/2012 o encontro da disciplina Projetos Socioambientais aconteceu no JACA (Centro de Arte Jardim Canadá) para um primeiro contato de todos os alunos e professores com a Ivete, proprietária da casa onde o grupo pretende iniciar o projeto de intervenção colaborativa, objetivo principal da disciplina.

A ideia para esse encontro era de aproximação de todos os envolvidos no trabalho. Para isso, aconteceu uma conversa informal entre os participantes com o intuito de conhecer e mapear os hábitos dos moradores da casa da Ivete, seus desejos em relação à casa, seus planos futuros, conhecer a biografia da família e da própria moradia.

A casa da Ivete ocupa um meio lote de 7 X 27 m, desmembrado de um lote comprado juntamente com seu irmão em 2001. O meio lote da família da Ivete abriga atualmente 3 casas:

  • A primeira casa construída tem quatro cômodos, onde vivem Ivete e Ataíde, seu filho mais novo.
  • A segunda casa,  que tem dois cômodos, abriga a filha mais velha, Jumara, seu genro, Diego e sua neta, Naira.
  • A terceira casa também tem dois cômodos, onde vive a filha do meio de dezesseis anos, Jucimara.

A segunda casa foi feita quando Jumara engravidou e casou e precisava de mais espaço para viver com o marido e com o bebê. Jucimara, a filha do meio, também quis uma casa para viver sozinha, já que a irmã mais velha estava ganhando uma casa nova.

Ivete nos contou sobre os hábitos da sua família no que diz respeito ao uso e  ocupação do espaço onde vivem.

  • Ivete: levanta as 6 da manhã, vai ao banheiro, em seguida à cozinha, faz café na cafeteira para ela e Ataíde. Em seguida manda o filho para escola e vai se arrumar em seu quarto para ir ao trabalho. Ivete chega do trabalho por volta das 16:00 horas e vai arrumar a cozinha e fazer o jantar. Ela sempre faz o jantar para sobrar para o almoço do dia seguinte, caso Ataíde chegue com fome da escola. Depois de fazer o jantar, Ivete assisti  TV e cuida da neta. Ivete disse que todos da casa gostam de assistir TV na cama dela. Ivete trabalha aos sábados até as 13:00 horas.
  • Ataíde: acorda sozinho, se troca, toma café e vai para escola. Ataíde almoça na escola, chega em casa no início da tarde, assisti TV e joga videogame. A noite janta com  mãe e assisti TV.
  • Jucimara: estuda na parte da manhã e trabalha na parte da tarde, cuida de uma sobrinha. Ela também almoça na escola, chega do trabalho as 18:00 horas e janta na casa da mãe. A noite Jucimara pode sair com as amigas no máximo até as 20:30.
  • Jumara: durante o dia cuida da filha, lava roupa para fora e acompanha os estudos do irmão mais novo. A noite, depois que seu marido chega em casa, Mara vai para escola.
  • Diego: pela manhã sai cedo de casa para trabalhar na Empresa Previt, que faz pré-moldados de concreto. Ele volta para casa as 17:00 horas, lancha, toma banho e leva a Jumara para a escola. No final de semana Diego trabalha no sábado pela manhã e também ajuda a cuidar da casa.

No domingo, em geral, todos estão em casa e a família aproveita para cuidar da casa e do jardim. Na parte da tarde frequentemente fazem um churrasquinho e encontro com os amigos. A festa normalmente acontece na parte da frente da casa.

Além dos seis integrantes, a família tem seis cachorros, que ficam soltos no quintal.

Ivete contou que seus principais desejos para a casa são ampliar a varada e colocar uma mesa para passar o final de semana em dias de festa, além de revestir o piso da casa que ainda está no contra piso (exceto o banheiro que é revestido com pedras de granito, que Ivete encontrou pelo bairro.)

Segundo Ivete a varanda foi construída porque muita água entrava na casa em época de chuva, mas a casa ainda apresenta muita infiltração e muito mofo.

Ivete contou que se mudou para o Jardim Canadá porque seus irmãos já moravam ali. Ela vivia em Ponte Nova, quando veio para a casa da irmã Ana com os três filhos, onde viveu por um ano. Ivete vendeu uma terra que tinha na roça e comprou um lote parcelado junto com seu irmão em 2001. Eles pagaram R$ 436,00 de prestação durante 3 anos, além dos R$ 6.000 de entrada. Ao todo pagaram 16.000,00 reais pelo lote. Logo após a compra do lote, Ivete construiu um cômodo e um banheiro e se mudou com os meninos.

Durante 2 anos, Ivete trabalhou para uma empresa de cozinha industrial que fornecia marmitas para a mineradora MBR. Nessa época, mas especificamente em 2004, houve um grande acidente na MBR e a cozinha industrial fechou, os trabalhadores foram dispensados e receberam uma indenização. Com esse dinheiro que recebeu, Ivete demoliu o cômodo existente e construiu a sua atual casa, principalmente com a ajuda dos seus irmãos que trabalham na construção civil como pedreiros. Os homens subiam as paredes enquanto as mulheres faziam a massa. O material para a construção foi comprado no Madeville, depósito de material de construção localizado no Jardim Canadá.

Nessa época foram construídos 4 cômodos, a sala, a cozinha, dois quartos – o quarto da Ivete e o quarto das crianças – e o banheiro. A primeira modificação feita na casa aconteceu quando Ataíde começou a crescer e não era mais possível dividir o quarto com as irmãs. Então mais um quarto foi construído e as meninas passaram a ter o seu espaço. Além disso, foi construída a varanda e um novo banheiro, com a ajuda do Cláudio, na época namorado da Ivete.(fiquei na duvida em como realmente as mudanças foram feitas, temos que confirmar a ordem das mudanças) Posteriormente, quando Jumara engravidou, Ivete dividiu a casa existente e deu dois cômodos da sua casa de presente para a filha, para que ela pudesse ter seu espaço com sua família. Em seguida, Jucimara também quis ter seu espaço independente, então um novo banheiro foi construído para a casa da Jumara e Jucimara ficou com o banheiro já existente e mais dois cômodos, onde tem seu quarto e sua cozinha.

Segundo Ivete, nenhum desenho foi feito para a construção da casa, “a casa foi gerando”.

Ivete contou que seu lote valorizou 10 vezes em onze anos e que é muito frequente a aparição de compradores interessados. No entanto, ela disse que não quer sair do Jardim Canadá tão cedo, só mesmo quando estiver mais velha, quer ir para um lugar mais tranquilo.

Após a conversa com a Ivete, ela levou todo o grupo para conhecer a sua casa e sua família.

Projetos Socioambientais – Palestra dos professores Rita Veloso e Roberto Monte Mór

No dia 07.05.2012 a aula da disciplina Projetos Sócio-ambientais foi ministrada por dois professores convidados, a Professora Rita Veloso e o Professor Roberto Monte Mór. A aula da Professora Rita foi sobre o filósofo e sociólogo Henri Lefebvre e suas contribuições para compreensão do espaço urbano. Rita propôs uma retomada histórica do percurso teórico de Lefebvre, que era um pensador voltado para o mundo concreto, com reflexões para e sobre o cotidiano. O ponto de partida de Lefebvre são os primeiros textos de Karl Marx, que propõe um pensamento ativista, uma filosofia concreta e não sistemática. Lefebvre, assim como Marx, quer se aproximar da realidade a partir do mergulho no cotidiano, para ele não há reflexão que não parta do real. Segundo Rita, para entender Lefebvre é preciso ler e entender bem os conceitos propostos por Marx no século XIX, é preciso entender a crítica da economia política, o conceito de alienação e suas repercussões no espaço. Em meados do século XX, Lefebvre conhece Guy Debord e se aproxima da Internacional Situacionista, a partir desse momento acontece uma virada em seu pensamento e a análise do espaço é agregada à suas reflexões. Lefebvre menciona a cidade como condição essencial para o desenvolvimento do capitalismo, “a cidade aparece quando o cidadão se define pelo trabalho que o indivíduo exercita.“ Lefebvre ainda menciona a produção do espaço urbano como a reflexão possível sobre uma revolução urbana, mas produção e revolução não a partir do desenho urbano, e sim através da ocupação do espaço. Afinal não existe produção do espaço ou arquitetura sem mundo, a arquitetura não cria o mundo, mas ela responde a uma realidade social. A aula do Professor Roberto Monte Mór foi um aprofundamento sobre a discussão a respeito do Plano de Desenvolvimento Integrado – PDDI e sobre a excessiva centralidade do núcleo urbano de Belo Horizonte no contexto metropolitano. Segundo Monte Mór, o mapeamento das centralidades na região metropolitana foi feito a partir de entrevistas realizadas diretamente nas prefeituras, para entender como os municípios integrantes da região metropolitana se articulam. Além das estruturas municipais, foram mapeadas as chamadas localidades, que são espaços rurais que configuram espaços de centralidade micro-locais, tanto por serem espaços que constituem uma identidade com seus habitantes, como por serem espaços muitas vezes mais antigos que Belo Horizonte. Também analisou-se a atual dinâmica imobiliária na RMBH, seus fluxos de expansão, locais de pressão de expulsão da população de baixa renda, áreas de conflito entre interesse de expansão urbana e proteção ambiental, entre outros. O mapa final que exibe a proposição da nova rede de centralidades para a RMBH, mostra o núcleo central de Belo Horizonte, 3 novos centro metropolitanos, um a norte, outro a oeste e o último a sul, vários sub-centros, centros microrregionais e centros locais, com os quais as regiões de atividades agrícolas se articulam.

Projetos Socioambientais – Palestra da Professora Maria Fernanda – Grupo Pólos UFMG

A aula do dia 23/04/2012 foi uma palestra com a Professora Maria Fernanda, coordenadora geral administrativa do Grupo Pólos – UFMG.

O Grupo Pólos foi fundado em 1995 na Escola de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Atualmente, o grupo conta com profissionais e alunos de diferentes áreas do conhecimento e é dividido em diversos núcleos de pesquisa e ação. A professora deu ênfase ao núcleo “Direito à Cidade”, o qual faz trabalhos com a população moradora de rua ou ocupações informais, com o intuito de garantir a efetividade dos Direitos Humanos em assentamentos precários. O grupo trabalha, ainda, na mediação de conflitos, numa tentativa de identificar e propor soluções para questões coletivas.

Existe dentro do Programa Pólos um grupo de teatro chamado Trupe a torto e a direito, que faz a produção e apresentação de peças de teatro na linguagem do teatro popular de rua, como estratégia de mobilização social. Toda a produção é elaborada a partir de diagnósticos de pesquisas do grupo e os roteiros das peças são montados para problematizar conflitos cotidianos e despertar outras possibilidades e soluções.

A última peça apresentada pela Trupe aconteceu no dia 11.07.2012 no Albergue da população de rua e no centro de referência de Belo Horizonte, com o objetivo de incentivar os moradores de rua a participarem do orçamento participativo para a construção de um novo centro de referência.

Além da explicação sobre o Grupo Pólos, Maria Fernanda tratou de outras questões referentes ao direito urbanístico, como instrumentos do Estatuto da Cidade, o programa Vila Viva, instrumentos para a regularização fundiária entre outros temas relativos à cidade.

Visita e entrevista a autoconstrutores residentes no bairro Jardim Canadá – Clebinho e Glória

Presentes (UFMG): Marcela Brandão e Camila Alberoni

Clebinho é morador do bairro Jardim Canadá e recentemente casou-se com Glória, também moradora do bairro. Os dois estão morando atualmente na casa em que Glória morava com seu marido (falecido) e as duas filhas deste casamento, uma de 16 anos e outra de 6 anos. O casal está esperando um filho e, portanto, precisa aumentar um cômodo na casa. Além dessa questão, a casa está sujeita a alguns problemas de infiltração e entrada de água pelas janelas, levando à necessidade de se pensar em alternativas para a cobertura, que hoje é feita apenas com painéis de laje pré-fabricados.

A atual organização dos espaços da casa se dá como mostrado na Figura 01. A casa foi construída nos fundos de um lote, numa divisão muito comum no bairro Jardim Canadá: o meio lote. No quarto 01 dormem as filhas de Glória e no quarto 02 dorme o casal.

Figura 01: Configuração atual dos espaços da casa

Marcela, integrante do grupo de pesquisa Praxis, já tinha contato com Clebinho e, portanto, tinha conhecimento de algumas informações importantes sobre a casa antes da visita. Uma dessas informações é o levantamento de todo o espaço da casa, o que facilitou o estudo de opções para a casa, possibilitando que levássemos a eles algumas sugestões para serem discutidas. A primeira delas (Figura 02) partiu de uma conversa com os próprios moradores e consiste na construção de um cômodo nos fundos da casa, o que dividiria e diminuiria a área externa da casa. A solução é interessante por ser a mais econômica. No entanto, os problemas de infiltração na laje continuariam existindo e também necessitariam uma intervenção para serem solucionados.

Figura 02: Opção 1 - construção de um cômodo nos fundos da casa

Já a segunda e a terceira propõem a construção de um segundo pavimento, de forma a solucionar os problemas de infiltração do primeiro pavimento bem como dispensar a necessidade de se fazer uma nova fundação. A ideia principal é colocar a escada num local que possibilite mudanças futuras, como por exemplo, a separação entre duas casas independentes. Para discutir essas possibilidades, levamos o modelo digital 3D (feito no software SketchUp – conforme as figuras 03 e 04) na tentativa de experimentar novos meios de apresentação das ideias. Durante essa conversa, surgiram várias sugestões dos moradores em relação ao que havíamos levado, inclusive partindo da filha mais velha de Glória, Érica (16 anos).

Figura 03: Segunda opção levada aos moradores

Figura 04: Terceira opção levada aos moradores

A conversa foi bastante produtiva já que íamos agregando as sugestões dos próprios moradores ao modelo, à medida que íamos conversando. Clebinho, Glória e as filhas se interessaram na ideia de um segundo andar mas sem a possibilidade de se ter duas casas independentes futuramente. Além disso, descartou-se a opção com 05 quartos, dada a falta de necessidade dessa quantidade. A conversa e as mudanças no modelo feitas de acordo com a sugestões dos próprios moradores  resultou na configuração dos espaços conforme a Figura 05.

Figura 05: Opção desenvolvida junto com os moradores

Essa estratégia de apresentação indicou bons resultados de compreensão por parte dos moradores, assim como uma ótima maneira de trocar ideias durante a visita, já que o modelo final foi resultado de soluções e ideias discutidas em conjunto com os usuários da casa.

Projetos Socioambientais – Apresentação do PGT de Milão

A aula do dia 16.04.2012 foi uma explicação sobre o plano urbanístico desenvolvido para a cidade de Milão, PGT, pelo estúdio Metrogramma no ano de 2005.

A principal ideia do plano é o planejamento urbano para o futuro, que é coincidente com os princípios norteadores da construção de uma cidade global. No plano de Milão foram considerados três principais princípios:

1 – A cidade dentro da cidade: identidade múltipla, multi-central da cidade de Milão.

Milão é uma cidade com traçado urbano histórico de estrutura radial, mas a cidade em escala regional apresenta uma estrutura metropolitana reticulada, como uma constelação de micro sistemas, uns diferentes dos demais, espalhados pelo território. A multiplicidade em seu contexto urbano encontra-se, de fato, nas relações que determinam geografias urbanas e sociais, nas diferentes morfologias que medem a natureza das relações e das diferentes identidades urbanas, para as quais os heterogêneos “modus abitandi” se referem. Os nós desse network, portanto, delineiam um contexto urbano múltiplo e ao mesmo tempo específico, cujo potencial responde ao desejo de se iniciar processos sistemáticos de funcionamento.

FONTE: http://www.metrogramma.com/

2 – A cidade como rede: uma visão expandida e extrovertida sob o signo de um novo equilíbrio

Um dos objetivos do PGT é tornar a estrutura da cidade mais compatível com a do território metropolitano, interconectando a cidade histórica ao seu contexto múltiplo e reticular. Nesse sentido, foi levada a diante a ideia da “cidade-região”, concretamente policêntrica e sinergética, na qual Milão representa o centro de maior importância. Portanto, pretende-se a transformação da cidade em uma estrutura organizada e policêntrica, com novos planos para mobilidade urbana, pública e privada, como também para os serviços.

3 – A cidade pública: definições de invariáveis para a infraestrutura o meio ambiente e os serviços

Ideia de situar a cidade diante de três invariáveis estruturantes do resto da cidade. A primeira delas seria uma rede infraestrutural de transporte público e privado que seja diverso e efetivo na mobilidade urbana. A segunda constitui um sistema de parques e espaços públicos abertos que estejam conectados a múltiplos serviços e sistemas de transporte. Já a terceira seria uma rede de serviços que estabeleçam várias centralidades ao longo da cidade, potencializando direções de expansão e mudanças.

Projetos Socioambientais – Apresentação do Projeto ASAS

A aula do dia 09.04.2012 foi dedicada à apresentação do projeto  ASAS, Artesanato Solidário no Aglomerado da Serra, coordenado pela professora Natacha Rena, também professora desta disciplina. O projeto,  que é uma iniciativa da Universidade FUMEC, teve início em 2007 como um projeto de extensão isolado de capacitação em design e artesanato e atualmente se tornou uma atividade acadêmica integrada, que agrega propostas no âmbito do ensino, pesquisa e extensão.  Os projetos do ASAS são articulados a partir de processos colaborativos e coletivos, baseados no empoderamento técnico e criativo dos alunos e artesãos, com o objetivo de gerar uma tecnologia social reaplicável. O ASAS possuí três projetos em andamento, o ASAS_aglomeradas, ASAS_modalaje e o ASAS_bambu.

fonte: www.projetoasas.org/blog

Todo o processo acontece a partir de uma clara troca de linguagem e informação, os produtos são criados e confeccionados pelos artesãos do aglomerado a partir de uma ligação direta com a universidade, durante o processo são dadas aulas de tendência em design, arte e design contemporâneo além da cocriação e planejamento de oficinas de, encadernação e fotografia pinhole, corte e costura, bordado, estamparia, desconstrução de roupas, modelagem experimental, reaproveitamento têxtil, moulage criativa, patchwork, planejamento e desenvolvimento de coleção

No ano de 2010 a rede produtiva foi contemplada com Prêmio Santander Universidades na categoria Universidade Solidária e recebeu apoio da equipe UNISOL desde 2011.

Mais informações em: projetoasas.org/blog