Visita e entrevista a autoconstrutores residentes no bairro Jardim Canadá – Clebinho e Glória

Presentes (UFMG): Marcela Brandão e Camila Alberoni

Clebinho é morador do bairro Jardim Canadá e recentemente casou-se com Glória, também moradora do bairro. Os dois estão morando atualmente na casa em que Glória morava com seu marido (falecido) e as duas filhas deste casamento, uma de 16 anos e outra de 6 anos. O casal está esperando um filho e, portanto, precisa aumentar um cômodo na casa. Além dessa questão, a casa está sujeita a alguns problemas de infiltração e entrada de água pelas janelas, levando à necessidade de se pensar em alternativas para a cobertura, que hoje é feita apenas com painéis de laje pré-fabricados.

A atual organização dos espaços da casa se dá como mostrado na Figura 01. A casa foi construída nos fundos de um lote, numa divisão muito comum no bairro Jardim Canadá: o meio lote. No quarto 01 dormem as filhas de Glória e no quarto 02 dorme o casal.

Figura 01: Configuração atual dos espaços da casa

Marcela, integrante do grupo de pesquisa Praxis, já tinha contato com Clebinho e, portanto, tinha conhecimento de algumas informações importantes sobre a casa antes da visita. Uma dessas informações é o levantamento de todo o espaço da casa, o que facilitou o estudo de opções para a casa, possibilitando que levássemos a eles algumas sugestões para serem discutidas. A primeira delas (Figura 02) partiu de uma conversa com os próprios moradores e consiste na construção de um cômodo nos fundos da casa, o que dividiria e diminuiria a área externa da casa. A solução é interessante por ser a mais econômica. No entanto, os problemas de infiltração na laje continuariam existindo e também necessitariam uma intervenção para serem solucionados.

Figura 02: Opção 1 - construção de um cômodo nos fundos da casa

Já a segunda e a terceira propõem a construção de um segundo pavimento, de forma a solucionar os problemas de infiltração do primeiro pavimento bem como dispensar a necessidade de se fazer uma nova fundação. A ideia principal é colocar a escada num local que possibilite mudanças futuras, como por exemplo, a separação entre duas casas independentes. Para discutir essas possibilidades, levamos o modelo digital 3D (feito no software SketchUp – conforme as figuras 03 e 04) na tentativa de experimentar novos meios de apresentação das ideias. Durante essa conversa, surgiram várias sugestões dos moradores em relação ao que havíamos levado, inclusive partindo da filha mais velha de Glória, Érica (16 anos).

Figura 03: Segunda opção levada aos moradores

Figura 04: Terceira opção levada aos moradores

A conversa foi bastante produtiva já que íamos agregando as sugestões dos próprios moradores ao modelo, à medida que íamos conversando. Clebinho, Glória e as filhas se interessaram na ideia de um segundo andar mas sem a possibilidade de se ter duas casas independentes futuramente. Além disso, descartou-se a opção com 05 quartos, dada a falta de necessidade dessa quantidade. A conversa e as mudanças no modelo feitas de acordo com a sugestões dos próprios moradores  resultou na configuração dos espaços conforme a Figura 05.

Figura 05: Opção desenvolvida junto com os moradores

Essa estratégia de apresentação indicou bons resultados de compreensão por parte dos moradores, assim como uma ótima maneira de trocar ideias durante a visita, já que o modelo final foi resultado de soluções e ideias discutidas em conjunto com os usuários da casa.

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