O sistema de exclusão nos eixos de expansão periférica da RMBH
Linhas de Análise para Leitura do Lugar
| como citar: MORADO NASCIMENTO, Denise.; FREITAS, Daniel M. de. Linhas de análise para Leitura do Lugar. Belo Horizonte, 2023. Disponível em: https://praxis.arq.ufmg.br/sistema-exclusao/linhas-de-analise/. Acesso em: 26 out. 2023. | ||
| LINHAS DE ANÁLISE | DESCRIÇÃO E OBJETIVO | ABORDAGEM EMIC [3] |
| PRESSÃO SOCIOECONÔMICA no território | Trata-se de entender a pressão socioeconômico não a partir dos agentes do mercado (proprietário de terra, imobiliárias, incorporadores, loteadores, etc.), mas a partir da percepção dos moradores. | [desafios sociais e econômicos enfrentados NO TERRITÓRIO] Exploração de como as mudanças na valorização do lugar e nas relações com as pessoas, ao longo do tempo, afetam as experiências e percepções dos moradores. |
| VULNERABILIDADE no território | Trata-se de compreender a insegurança habitacional a partir das distintas possibilidades de vulnerabilidade nas quais os moradores se inserem ao lutar pelo direito de existir. | [riscos da vida cotidiana NO TERRITÓRIO] Exploração de como os moradores acessam as informações e o Estado, bem como sobre sua capacidade de pensar e agir diante de eventos adversos. |
| PERCURSOS no território | Trata-se de visibilizar os percursos não tradicionalmente localizados e tipificados. | [caminhos percorridos NO TERRITÓRIO] Exploração de como os moradores percebem as distâncias de suas casas aos locais que desejam acessar, como eles vivenciam a mobilidade interna do bairro, seja de ônibus, carro, bicicleta ou a pé, além de como avaliam a qualidade dos caminhos. |
| EQUIPAMENTOS-SERVIÇOS no território | Trata-se de compreender a superestrutura pela percepção da relação do morador com ela, e não a partir do local onde a sua oferta está. | [equipamentos públicos compartilhados NO TERRITÓRIO] Exploração de como os moradores acessam e avaliam os equipamentos nas áreas de educação, saúde, esporte, lazer e cultura, além do comércio e serviços essenciais para o cotidiano. |
| AÇÕES no território | Trata-se de perceber a ocupação qualificada do espaço público e coletivo, analisando a ação do morador no território e as interações das pessoas com o espaço construído, as áreas vazias e as ruas. | [iniciativas individuais NO TERRITÓRIO] Exploração de como os moradores interagem com o lugar público. |
| FISSURAS no território | Trata-se de compreender a vinculação do morador com algum grupo organizado, objetivos, dificuldades, avanços, e a relação com o Estado, Igreja, instituições ou entidades, etc. | [encontros coletivos NO TERRITÓRIO] Exploração de como os moradores se relacionam com grupos organizados, coletivos, associações, Igreja, instituições ou entidades. |
| PROPRIEDADE no território | Trata-se de escapar das escalas regionais ou mapas censitários e compreender a relação de propriedade do imóvel (terra/casa) estabelecida pelo morador. | [propriedade NO TERRITÓRIO] Exploração de como os moradores obtêm, vendem ou alugam suas casas e com quem, compreendendo como eles percebem o significado de propriedade em relação ao que possuem. |
| CAPACIDADE URBANA do território | Trata-se de se aproximar da escala do lugar, ampliada pela espacialização das observações dos moradores em relação, sobretudo, às restrições de acesso aos serviços urbanos, entendendo que estes apresentam distribuição desigual nos territórios e estão articulados às características físico-ambientais, ao comportamento ambiental e às ações no território. | [serviços públicos disponíveis DO TERRITÓRIO] Exploração de como o lugar acomoda moradias e espaços públicos, considerando a infraestrutura e a ação dos agentes públicos e [auto]construtores. |
| CAPACIDADE NATURAL do território | Trata-se de compreender as condições topográficas e geológicas do território (infraestrutura) com ênfase na análise do olhar do morador sobre a capacidade do lugar para receber casas, serviços, instituições e ações. | [recursos naturais existentes DO TERRITÓRIO] Exploração de como o lugar acomoda moradias e espaços públicos, considerando seus elementos naturais. |
| ARTICULAÇÕES do território | Trata-se de identificar a continuidade/descontinuidade morfológica do território a partir das informações dadas pelos moradores em razão das visitas a outros bairros e a relação com a capital, a região metropolitana e outros lugares da cidade. | [conexões DO TERRITÓRIO] Exploração de como o lugar se liga a outros lugares da cidade. |
| LÓGICA DE OCUPAÇÃO do território | Trata-se de conhecer o lugar pelo olhar do morador sobre partes novas/antigas do bairro e direção do crescimento ou expansão do bairro. | [formas de uso DO TERRITÓRIO] Exploração de como o lugar cresce, em quais direções e suas transformações. |
| ATRIBUTOS do território | Trata-se de incorporar elementos da microescala e da arquitetura que caracterizam o espaço construído no lugar: descrição qualificada das ruas, dos prédios e das casas, tamanho das casas, número de moradores. A inclusão de atributos qualificados permite desconstruir o olhar externo da tipificação arquitetônica e dar visibilidade ao olhar do morador que estrutura e dá sentido ao lugar. | [qualidades DO TERRITÓRIO] Exploração de como o lugar é fisicamente construído e os elementos que o qualificam. |
| LINHAS DE SEPARAÇÃO do território | Trata-se de mapear barreiras, incluindo meios de qualificar a narrativa do morador em relação ao modo como estas dificultam deslocamentos, interações e atividades. | [barreiras DO TERRITÓRIO] Exploração de como os lugares e os moradores se separam fisicamente e socialmente. |
| GRANDES PROJETOS URBANOS (GPUs) do território | Trata-se de incorporar as rupturas territoriais provocadas por GPUs: conhecimento, descrição qualificada sobre os projetos e avaliação destes. | [transformações DO TERRITÓRIO] Exploração de como os grandes projetos e obras refletem na experiência cotidiana dos moradores. |
| Notas: [1] Os conceitos de Infraestrutura, Mesoestrutura e Superestrutura referem-se, respectivamente, ao suporte físico dado pelo sistema geológico, aos sistemas básicos de funcionamento, incluindo arruamento, rede elétrica, rede de água, etc., e ao conjunto das estruturas antrópicas finalísticas, tais como, moradia, escola, indústria, etc., elaborados por Carvalho (1999). O Mapa de Zoneamento Geotécnico do município de Belo Horizonte também foi utilizado. [2] Trata-se de outras possíveis relações (e direitos) de propriedade, não juridicamente formais, mas vivenciadas e sustentadas por novos padrões, usos dos espaços, detenção de direitos, acordos, necessidades e oportunidades, forças econômicas, medidas regulatórias, instrumentos, contratos, entre outros, assim colocado por Blandy, Bright e Nield (2018). Ou, acatando Locke, trata-se da relação de propriedade em razão da percepção do morador sobre aquilo que é dele próprio. [3] A abordagem antropológica emic é uma forma de compreender fenômenos sociais a partir do ponto de vista das pessoas que vivem aquela realidade, formulada por Kenneth L. Pike. | ||
| Referências: PRAXIS-EA/UFMG. Territórios populares: reestruturação territorial, desigualdades e resistências nas metrópoles brasileiras. 2019. Disponível em: <https://drive.google.com/file/d/1J0ih_gYE7QQe9dgCLe7YwVZkDxU0Nfxy/view>. Acesso em: 10 jun. 2020. BLANDY, S.; BRIGHT, S.; NIELD, S. The dynamics of enduring property relationships in land. The Modern Law Review, n. 81, p. 85-113, 2018. CARVALHO, E. T. de. Geologia urbana para todos: uma visão de Belo Horizonte. Belo Horizonte: ETC, 1999. |
