O sistema de exclusão nos eixos de expansão periférica da RMBH
Linhas de Análise para Leitura do Lugar
como citar: MORADO NASCIMENTO, D.; FREITAS, D. M. de. Linhas de análise para Leitura do Lugar. Belo Horizonte, 2023. Disponível em: https://praxis.arq.ufmg.br/sistema-exclusao/linhas-de-analise/. Acesso em: 26 out. 2023. | |
LINHAS DE ANÁLISE | DESCRIÇÃO E OBJETIVO |
PRESSÃO SOCIOECONÔMICA no território | Trata-se de entender a pressão socioeconômico não a partir dos agentes do mercado (proprietário de terra, imobiliárias, incorporadores, loteadores, etc.), mas a partir da percepção dos moradores. |
VULNERABILIDADE no território | Trata-se de compreender a insegurança habitacional a partir das distintas possibilidades de vulnerabilidade nas quais os moradores se inserem ao lutar pelo direito de existir. |
PERCURSOS no território | Trata-se de visibilizar os percursos não tradicionalmente localizados e tipificados. |
EQUIPAMENTOS-SERVIÇOS no território | Trata-se de compreender a superestrutura pela percepção da relação do morador com ela, e não a partir do local onde a sua oferta está. |
AÇÕES no território | Trata-se de perceber a ocupação qualificada do espaço público e coletivo, analisando a ação do morador no território e as interações das pessoas com o espaço construído, as áreas vazias e as ruas. |
FISSURAS no território | Trata-se de compreender a vinculação do morador com algum grupo organizado, objetivos, dificuldades, avanços, e a relação com o Estado, Igreja, instituições ou entidades, etc. |
PROPRIEDADE no território | Trata-se de escapar das escalas regionais ou mapas censitários e compreender a relação de propriedade do imóvel (terra/casa) estabelecida pelo morador. |
CAPACIDADE URBANA do território | Trata-se de se aproximar da escala do lugar, ampliada pela espacialização das observações dos moradores em relação, sobretudo, às restrições de acesso aos serviços urbanos, entendendo que estes apresentam distribuição desigual nos territórios e estão articulados às características físico-ambientais, ao comportamento ambiental e às ações no território. |
CAPACIDADE NATURAL do território | Trata-se de compreender as condições topográficas e geológicas do território (infraestrutura) com ênfase na análise do olhar do morador sobre a capacidade do lugar para receber casas, serviços, instituições e ações. |
ARTICULAÇÕES do território | Trata-se de identificar a continuidade/descontinuidade morfológica do território a partir das informações dadas pelos moradores em razão das visitas a outros bairros e a relação com a capital, a região metropolitana e outros lugares da cidade. |
LÓGICA DE OCUPAÇÃO do território | Trata-se de conhecer o lugar pelo olhar do morador sobre partes novas/antigas do bairro e direção do crescimento ou expansão do bairro. |
ATRIBUTOS do território | Trata-se de incorporar elementos da microescala e da arquitetura que caracterizam o espaço construído no lugar: descrição qualificada das ruas, dos prédios e das casas, tamanho das casas, número de moradores. A inclusão de atributos qualificados permite desconstruir o olhar externo da tipificação arquitetônica e dar visibilidade ao olhar do morador que estrutura e dá sentido ao lugar. |
LINHAS DE SEPARAÇÃO do território | Trata-se de mapear barreiras, incluindo meios de qualificar a narrativa do morador em relação ao modo como estas dificultam deslocamentos, interações e atividades. |
GRANDES PROJETOS URBANOS (GPUs) do território | Trata-se de incorporar as rupturas territoriais provocadas por GPUs: conhecimento, descrição qualificada sobre os projetos e avaliação destes. |
Notas: [1] Os conceitos de Infraestrutura, Mesoestrutura e Superestrutura referem-se, respectivamente, ao suporte físico dado pelo sistema geológico, aos sistemas básicos de funcionamento, incluindo arruamento, rede elétrica, rede de água, etc., e ao conjunto das estruturas antrópicas finalísticas, tais como, moradia, escola, indústria, etc., elaborados por Carvalho (1999). O Mapa de Zoneamento Geotécnico do município de Belo Horizonte também foi utilizado. [2] Trata-se de outras possíveis relações (e direitos) de propriedade, não juridicamente formais, mas vivenciadas e sustentadas por novos padrões, usos dos espaços, detenção de direitos, acordos, necessidades e oportunidades, forças econômicas, medidas regulatórias, instrumentos, contratos, entre outros, assim colocado por Blandy, Bright e Nield (2018). Ou, acatando Locke, trata-se da relação de propriedade em razão da percepção do morador sobre aquilo que é dele próprio. | |
Referências: PRAXIS-EA/UFMG. Territórios populares: reestruturação territorial, desigualdades e resistências nas metrópoles brasileiras. 2019. Disponível em: <https://drive.google.com/file/d/1J0ih_gYE7QQe9dgCLe7YwVZkDxU0Nfxy/view>. Acesso em: 10 jun. 2020. BLANDY, S.; BRIGHT, S.; NIELD, S. The dynamics of enduring property relationships in land. The Modern Law Review, n. 81, p. 85-113, 2018. CARVALHO, E. T. de. Geologia urbana para todos: uma visão de Belo Horizonte. Belo Horizonte: ETC, 1999. |