Outra lógica da prática para moradia e cidade: o direito de existir

Apresentação

Propomos a transposição das abordagens transdisciplinares – Linguagem de padrões, Arquitetura-Suporte, Ecologia política da urbanização, Leitura do lugar, Intervenções mnemônicas, Territórios minerários – como subsídios para, criticamente, se desvelar uma outra lógica da prática para a moradia e a cidade que alicerce instrumentos de projeto e planejamento e de políticas públicas inclusivos, resilientes e sustentáveis, contrários às estratégias unilaterais, institucionais e tecnicistas próprias da cidade neoliberal. A proposta deverá originar novos conhecimentos teórico-metodológicos e resultados propositivos inovadores no sentido de ampliar e assegurar aos moradores o direito de existir.

Direito de existir é a necessidade de livremente pensarmos e agirmos na cidade a partir das diferenças que nos constituem, anterior ao direito de acesso à moradia e à cidade.
[ref: MORADO NASCIMENTO, D. O sistema de exclusão na cidade neoliberal brasileira. Marília: Lutas Anticapital, 2020].

Objetivos

Investigar se o modo intemporal de construir, proposto por Christopher Alexander, contribuiria para o desvelamento dos saberes e valores compartilhados por quem luta pelo seu direito de existir, de habitar, na cidade contemporânea neoliberal;

Construir estratégias de projeto para a produção tecnológica habitacional brasileira considerando que: (i) a moradia é expressão da vida cotidiana que se transforma ao longo do tempo; (ii) os moradores são participantes ativos nos processos de decisão sobre os espaços; (iii) a flexibilização e mutabilidade dos espaços, atrelados aos recursos naturais, financeiros e físicos disponíveis, são potencializados pelas soluções projetuais e técnicas construtivas, comunicadas e representadas de forma decodificada para quem mora e constrói;

Reconhecer a cidade como um híbrido de natureza e sociedade constituída de densa rede de intrincados processos socioecológicos que são simultaneamente humanos, físicos, discursivos, culturais, materiais e orgânicos, atravessados por relações de poder, portanto diversas e desiguais;

Operacionalizar a Leitura do Lugar de modo articulado às premissas dessa proposta em contextos urbanos selecionados, permitindo-se avançar nos debates teórico-metodológico situado na interface entre a geografia humana e a política, e propositivo no âmbito do planejamento e projeto urbano-arquitetônico.

Analisar como as comunidades usam intervenções mnemônicas para tornar visíveis histórias que foram suprimidas ou são desafiadas no contexto de relações de poder estabelecidas entre moradores, corporações e Estado; verificar se as intervenções mnemônicas funcionam como locais de resistência em meio às lutas contínuas por reparação, verdade e justiça;

Desvelar as estratégias institucionais acionadas pelas mineradoras e Estado, configuradas historicamente como modus operandi da atividade minerária brasileira, que destroem as memórias e os modos de vida das comunidades atingidas.