No encontro do dia 01.07.2012 no bairro Capela Velha em São Sebastião das Águas Claras, Nova Lima, foi realizado um segundo mutirão com os moradores do bairro, alunos e professores da Escola de Arquitetura da UFMG. Nesse momento a intenção do trabalho era o plantio de mudas no interior dos pneus utilizados para construção da contenção.

As mudas foram trazidas pelos participantes do mutirão e principalmente pelo Senhor Zé, que é jardineiro e morador do bairro.

Além do plantio, houve um momento de discussão entre os participante sobre a espacialidade da praça. Os moradores e professores desenharam conjuntamente diversas possibilidades de acesso, de demarcação da área da praça, de mobiliário, uso e ocupação.

Essas discussões abriram espaço para os trabalhos que seriam desenvolvidos ao longo da próxima semana e colocados em discussão na reunião do dia  04/07/2012.

No encontro do dia 24.06.2012 no bairro Capela Velha em São Sebastião das Águas Claras, Nova Lima, foi realizado um mutirão com os moradores do bairro e alunos e professores da Escola de Arquitetura da UFMG para a construção de um muro de contenção de pneus para a praça.

O material para a construção do muro foi organizado pelos estudantes e moradores durante a semana anterior. Os pneus, organizados pelos estudantes, foram doados pelo Sr. Antônio, proprietário da borracharia PNEUS CONFIANÇA  - localizada na Rua Hildebrando Clarck, no Bairro Dom Bosco, Belo Horizonte. O arame necessário para a amarração dos pneus foi providenciado pelos moradores, bem como o carreto para recolhimento dos pneus, as ferramentas para construção e o lanche para toda a equipe.

O mutirão teve início às 8:30 da manha, muitos moradores estavam presentes e as atividades se iniciaram com a determinação do alinhamento do muro, uma vez que a caixa da via adjacente não é regular.

Estabelecido o alinhamento, discutiu-se sobre a execução do muro e sobre a forma de empilhamento dos pneus. Não havia projeto executivo para construção da contenção, conhecia-se a técnica, mas a intenção era que o muro fosse construído conjuntamente, tanto seu projeto como sua execução. Nesse momento, houve um impasse sobre a inclinação do muro e a espacialidade da praça. Alguns moradores gostariam que o muro fosse construído perpendicular ao nível da rua, sem inclinação, como um muro de arrimo de concreto, para que a praça crescesse e ganhasse mais espaço. A partir daí, em conversa entre os participantes do mutirão, discutiu-se a viabilidade técnica de uma contenção de pneus perpendicular ao solo, mas conclui-se que para que a contenção tenha estabilidade e capacidade de conter a terra da encosta, principalmente em época de chuva , é necessário que ela apresente uma inclinação mínima. Dessa forma, o grupo concordou que o muro seria construído de forma escalonada, para se garantir a inclinação mínima e assim,  a contenção começou a ser construída.

Primeiramente, foi cavado o espaço para colocação de primeira fiada de pneus. Os pneus foram amarrados e em seguida preenchidos com bastante terra.

A segunda fiada de pneus foi colocada sobre a primeira, com 20 cm [dimensão equivalente à altura do pneu] de recuo, dando início ao escalonamento necessário. Os pneus da segunda fiada também foram preenchidos com terra e amarrados uns aos outros, bem como aos pneus da fiada abaixo. As amarrações foram feitas com arame, algumas com arame comum, outras com arame galvanizado, dependendo da disponibilidade do arame conseguido pelos moradores. A segunda fiada foi interrompida no ponto onde ela se nivelou com o terreno. Nesse ponto, manteve-se o terreno natural, em continuidade à segunda fiada de pneus. A partir daí, iniciou-se a colocação da terceira fiada, que foi apoiada tanto sobre os pneus da segunda fiada como sobre a encosta. Esses pneus também foram amarrados, assim como anteriormente. Assim  foi feito, até que as 9 fiadas foram concluídas.

Paralelamente à construção da contenção, também foi feita uma escada para acesso ao topo da praça, também construída com pneus. Os pneus da escada foram amarrados com arame, preenchidos com terra, como foi feito na contenção e, além disso, cobertos com brita.

Para realização do trabalho nesse primeiro dia foram gastos 200 pneus, 2 rolos de arame e bastante terra, retirada do entorno da obra.

Após a conclusão do trabalho, houve um almoço para todos os participantes, oferecido por uma das moradoras do bairro, Dona Lucilena.

No dia 06/06/2012, os alunos e professores da Disciplina OFIAUP foram ao Capela Velha para o encontro com os moradores do bairro. Logo quando chegaram, antes das 19:00 horas, recebeu-se a notícia que o Terço, programado para encerrar às 20:00 horas, já tinha acabado. Com essa alteração, a simulação 1:1 da espacialidade da praça não foi realizada e o encontro aconteceu dentro da casa da Vanderly, também moradora do bairro.

Haviam poucos moradores presentes para a reunião, a Vanderly, Sr. Valmir, Sra. Helena, Sra. Maria Conceição, Marlene, Robson e o Buiú.

A conversa teve início com a apresentação preparada pelos alunos sobre os possíveis materiais a serem empregados na rearticulação da praça.

Foto 01: moradores do bairro Capela Velha durante a reunião realizada em 06/06/2012. Foto: Andressa Duarte

Os moradores se mostraram muito interessados na possibilidade de trabalho no bairro, fizeram perguntas sobre os materiais, falaram sobre o que achavam mais ou menos adequado e fizeram sugestões de outras alternativas.

O uso do pneu para a contenção do talude da praça teve boa aceitação entre os moradores. O Sr. Valmir fez a sugestão de sacos preenchidos com solo-cimento como outra possível alternativa.

Além da discussão sobre os materiais, conversou-se sobre a disposição e disponibilidade dos moradores em participar da construção da praça, se alguém teria ferramentas que pudesse emprestar e se os moradores presentes na reunião poderiam se encarregar de espalhar a informação sobre a ação na praça no bairro, afinal é  essencial que todos conheçam as propostas e exponham sua opinião e interesses.

No encontro do dia 04/06/2012 da disciplina OFIAUP, discutiu-se como seria a próxima reunião com os moradores do bairro Capela Velha, no dia 06/06/2012, que tem como objetivo a retomada de uma ação conjunta no bairro, com foco na praça.

Pensou-se que uma boa forma de apresentar as ideias aos moradores seria através de um ensaio na escala 1:1, ou seja, simular no próprio espaço da praça como a intervenção poderia ser articulada, a partir da simulação dos acessos, tanto de pedestres, quanto dos automóveis que circulam no entorno, da demarcação do piso, das áreas de contenção, das possibilidades de materiais, entre outros.

Além do ensaio na praça, pensou-se em uma projeção no muro da casa da Vanderly – que mora em frente ao espaço de intervenção. Na projeção pretende-se mostrar alguns exemplos de elementos construídos nos quais foram empregados os mesmos materiais que poderiam ser utilizados na praça. Esses materiais foram elegidos a partir do que é encontrado na região, como pedras e bambu, e a partir de um levantamento de resíduos realizado pelos alunos da disciplina, como o pneu, corpos de prova de concreto e o pallet.

A apresentação seria uma forma de instigar um debate sobre a praça, as possibilidades construtivas, a receptividade dos moradores, suas opiniões, ideias e até mesmo disponibilidade para iniciarmos coletivamente a construção.

A simulação da espacialidade da praça será feita pelos alunos na quarta-feira a noite, dia 06/06/2012, no momento em que os moradores tradicionalmente se reúnem para rezar um Terço. Logo após ao término do Terço, pretende-se convidar os moradores para a reunião na praça.