Visita a autoconstrutores moradores do bairro Capela Velha (Macacos, Nova Lima) – Seu Zé e Dona Nilda

No dia 23.08.2012 foi realizada uma visita ao Seu Zé, que é morador do bairro Capela Velha. Seu Zé e sua esposa Dona Nilda moram há 5 anos no bairro, em uma casa construída por eles. Antes de se mudar para o Capela Velha, o casal morou em um condomínio onde Seu Zé trabalhou como jardineiro, caseiro e pedreiro no bairro Olhos Dágua.

Quando moravam nesse último bairro, o casal decidiu se mudar para o Capela Velha, onde o Seu Zé já tinha um lote há 9 anos. Naquela época, os recursos para a compra do terreno vieram a partir de um empréstimo tomado pelo Seu Zé no banco e com antigos patrões.

O terreno havia sido uma doação do Coronel Djalma Navarro para a pessoa de quem o Seu Zé comprou o lote,  já há quatorze anos. Como documento pela compra do terreno, Seu Zé somente recebeu um documento relativo à doação. Nessa época, ainda não havia nada construído no lote, que tem dimensões de 10X40 m.

Para começar a construção foi preciso fazer cortes no terreno. Seu Zé fez os cortes e construiu os muros de arrimo, feitos de bloco de concreto cheio, com ferragens. Foram feitos três cortes significativos no terreno e dessa forma construídos três muros de arrimo, além de um aterro. Seu Zé decidiu implantar a edificação na porção mais baixa do terreno para que a casa não sofresse com o barulho da rua e do bar do vizinho.

Implantação da casa de Seu Zé e Dona Nilda no terreno

Para construir a casa, Seu Zé teve ajuda de um amigo pedreiro. Ambos moravam no bairro Olhos Dágua e, nos finais de semana e feriados, iam juntos até o Capela Velha para trabalhar na obra, que durou mais de um ano. Apesar da ajuda do amigo, Seu Zé executou muitas etapas da obra sozinho, como a parte elétrica e hidráulica da casa (ele já havia trabalhado na construção civil como supervisor de obra).

A casa de Seu Zé e da Dona Nilda tem um quarto, um banheiro, uma cozinha ampla, uma sala de estar e uma grande varanda, a área de serviço é pequena e conjugada com a cozinha e, por isso, a varanda também é utilizada como área de serviço. As decisões espaciais e construtivas foram tomadas pelo próprio Seu Zé e não foi feito nenhum desenho da edificação. Segundo o Seu Zé, ele foi usando “a teoria”, pensando sobre os cômodos e executando a obra, tudo no próprio canteiro. A casa tem dimensões de 7X6m, medida que foi pensada em relação às dimensões do terreno (10X40m), para que a casa tivesse afastamentos laterais: um metro em relação a uma divisa e dois metros em relação a outra.

“Ficar prensado no muro é ruim né”, diz o Seu Zé.

O maior afastamento em um dos lados deve-se à instabilidade do terreno vizinho, um “buraco” de acordo com o  Seu Zé, que poderia afetar a casa, caso o terreno se movimentasse.  A dimensão da edificação em sentido longitudinal (6 metros) foi decidida em função do que o Seu Zé pensou que seria necessário para a boa articulação dos cômodos.

Vista do telhado da casa de Seu Zé e Dona Nilda

Varanda da casa de Seu Zé e Dona Nilda

Para a construção da casa, grande parte dos materiais foi comprada em depósitos no bairro Olhos Dágua e em Macacos.

A fundação da edificação tem aproximadamente 2 metros de profundidade e é  uma “estaca-broca” com base de concreto. Parte da ferragem utilizada na fundação faz parte dos trilhos de uma Estação Ferroviária, material que o Seu Zé ganhou de presente.

Ferragem utilizada na estrutura de concreto armado

Além da casa Seu Zé construiu uma garagem toda feita em madeira. Ele mesmo fez os cortes e os encaixes das peças. A estrutura da garagem é bastante alta e não possui guarda corpo ou outro anteparo para o carro, mas segundo o Seu Zé a estrutura é estável e segura. Ao lado da garagem existe outra edificação, executada em alvenaria de tijolo cerâmico e estrutura de concreto, onde Seu Zé pretende ter um armazém.

Armazém em construção (à esquerda) e garagem de Seu Zé (à direita)

Dona Nilda tem artrite e apresenta uma certa dificuldade de se locomover pelo terreno, que é muito íngreme. Segundo ela, quando vem da rua, ela gasta meia hora para descer a rampa que dá acesso à casa. De acordo com o Seu Zé, a decisão de construir uma rampa ao invés de uma escada foi para facilitar o deslocamento de Dona Nilda.

Rampa de acesso à casa de Seu Zé e Dona Nilda

Atualmente, estão reformando o muro que divide seu lote com o lote do vizinho, para amenizar o incômodo que tem devido ao bar do vizinho. Além disso, o casal pretende fazer uma varanda a partir de seu quarto e um segundo quarto, para hospedar visitas, já que recebem com frequência os parentes da Dona Nilda e os filhos do primeiro relacionamento de Seu Zé.

Área onde Seu Zé pretende construir a varanda e o segundo quarto

Muro de divisa da casa de Seu Zé com o vizinho (dono do bar)

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